Meu querido diário...

A história de hoje é...

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Uma saudade...

Eu estava em casa. O telefone tocou. Era dona Mara, mãe de Pedro avisando que o pai dele, Carlos, havia falecido.
A sensação que tive era que o chão havia sumido.
Eramos muito amigos... ele era engraçado... sempre que tinha oportunidade dizia que Pedro era burro por ter terminado comigo (tadinho...queria agradar)
Apesar do namoro não ter dado certo, as familias construiram uma amizade imensa.
Ele nunca deixou de nos visitar, as vezes, iamos passar o domingo juntos em algum lugar... eu adorava ele, e acho que o sentimento era reciproco.
Pedro sempre foi mais ligado com a mãe... mas eu sabia o quanto ele amava aquele pai. Sabia o quanto ele ia sofrer com aquilo, mas eu não podia fazer nada.
Na época eu estava namorando.
Fui ao velório com minha mãe. Quando cheguei lá abracei Paulo, irmão de Pedro e e dona Mara... olhei ao redor e não vi Pedro.
Sai para a rua e vi ele sentado em frente ao cemitério com os primos. Fui até ele.
Quando eu abracei ele e senti seu coração batendo tive a certeza de que deveria terminar o namoro. Eu precisava dele e ele de mim...
Bem... na verdade ele não precisava tanto assim. Ele também estava namorando... uma moça linda!
Ela havia saido, mas pouco depois chegou para ocupar o seu lugar. Conversei com eles normalmente, mas não conseguia parar de pensar que de alguma forma eu ainda sentia algo por ele.
Sabe o que eu queria???? Poder abraça-lo, ficar apenas em silêncio ao seu lado... de mãos dadas... não havia o que falar... mas eu queria ser sentida na imensidão de minha dor... na imensidão do meu amor por ele... mas eu não podia.
Cheguei em casa e chorei muito. A menos de dois meses antes, eu passei o domindo na casa do seu Carlos... fizemos churrasco, rimos... fomos a praia... ele estava se sentindo mal e ia fazer alguns exames.
Dois meses depois ele não estava mais entre nos. Foi tudo muito rápido. FATAL. Essa doença maldita que leva as pessoas que a gente ama para longe... foi assim com minha avó...
Dois meses antes minha prima estava cuidando o Seu Carlos para eu mexiricar nas coisas do quarto do Pedro (eu queria roubar uma cueca, mas minha prima não deixou... disse que iam ver que foi eu... sera que iam dar falta mesmo???? era só uma... não era todas...)... e agora isso...
Lembro a ultima cena que guardo dele em minha cabeça. Eu estava tomando banho de sol... ele passou por mim com Paulo caminhando na beira da água... ele sorriu e me acenou... caminhou até o trapiche... parou lá no finzinho e ficou olhando a água...
Tenho convicção de que existe vida após a morte, que as coisas não acabam aqui... mas mesmo assim é triste perder alguem de quem se gosta muito.
Ele era uma figura de rara beleza. Simples, tranquilo.
Confesso que logo que eu o conheci ele me assustava um pouco... era sério... ficava sentado em frente ao aparelho de som escutando música clássica... absorvido pela música...
Bem... ai ele conheceu meu pai... e caiu na vida... aprendeu tudo que não prestava (no bom sentido).
Nós sempre riamos da calma dele... fala baixa, quase imperceptivel...minha familia agitada...pilhada querendo fazer tudo para ontem e ele devagar...quase parando... levando a vida com calma... como ele mesmo dizia: "Para que a pressa!?"
Hoje, quando penso nisso percebo o quão certo ele estava... Pressa para que????
Agora fica a saudade de uma pessoa muito especial. De uma época muito especial. Um amigo querido de quem não esqueço nunca em minhas orações.

Fica também a certeza do reencontro...


A Morte não é Nada - Santo Agostinho


"A morte não é nada. Eu somente passei para o outro lado do Caminho. Eu sou eu, vocês são vocês. O que eu era para vocês, eu continuarei sendo.Me dêem o nome que vocês sempre me deram, falem comigo como vocês sempre fizeram.Vocês continuam vivendo no mundo das criaturas, eu estou vivendo no mundo do Criador. Não utilizem um tom solene ou triste, continuem a rir daquilo que nos fazia rir juntos. Rezem, sorriam, pensem em mim. Rezem por mim.Que meu nome seja pronunciado como sempre foi, sem ênfase de nenhum tipo.Sem nenhum traço de sombra ou tristeza. A vida significa tudo o que ela sempre significou, o fio não foi cortado. Porque eu estaria fora de seus pensamentos, agora que estou apenas fora de suas vistas? Eu não estou longe, apenas estou do outro lado do Caminho...Você que aí ficou, siga em frente, a vida continua, linda e bela como sempre foi."

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

...



Hoje não tem história. Me alimento de passado. Começo a crer que estou totalmente desequilibrada... perdida... Minha alma tem tom escuro... tom de tristeza... sinto meu coração apreensivo... tento respirar fundo para tentar me acalmar... não consigo... Meu coração... se é que tenho... se é que ele ainda existe... sangra.
Eu só queria ser feliz... será que é pedir muito? Será que só eu não tenho este direito?
Me agarro a qualquer coisa... qualquer coisa que me faça sair da imensidão deste mar de lamentos. O mar é fundo... solidão!!!
Olho para os lados e não vejo ninguém... não ha ninguém por perto... só ha o escuro...só existe o vazio.
Grito...mas ninguém escuta... choro... lagrimas de dor.
As vezes tudo é tão complicado... tão negro... tão triste.
É tão difícil viver... Para que viver então? Para sofrer todos os dias???
Me remexo na cadeira... uma idéia fixa na cabeça. Novamente o medo.
O amanhã... existira um amanhã?Doze anos... isso é muito tempo... tempo demais para se viver com uma dor.
Não quero esta dor...eu odeio esta dor.
Preciso me livrar dela... tenho que fazer alguma coisa... GRITAR...
Estou morta em vida... morri sem ter o direito a um enterro... não fui velada... ninguém chorou minha morte... apenas eu.
Meu corpo foi a sepultura de minha alma... que apodreceu e esta putrefação me correi... dilacera meus sentidos...
Queria poder virar a pagina...mudar a música... reescrever a história... mudar o final.
Destino???? Odeio esta palavra... não... não ponha a culpa no destino...deve haver alguem a quem se possa reclamar a infelicidade...
Se houver... que se registre minhas queixas... chega... quero um minuto de paz.
Triste sina...Morrer em vida... viver sepultada na dor.