A sensação que tive era que o chão havia sumido.
Eramos muito amigos... ele era engraçado... sempre que tinha oportunidade dizia que Pedro era burro por ter terminado comigo (tadinho...queria agradar)
Apesar do namoro não ter dado certo, as familias construiram uma amizade imensa.
Ele nunca deixou de nos visitar, as vezes, iamos passar o domingo juntos em algum lugar... eu adorava ele, e acho que o sentimento era reciproco.
Pedro sempre foi mais ligado com a mãe... mas eu sabia o quanto ele amava aquele pai. Sabia o quanto ele ia sofrer com aquilo, mas eu não podia fazer nada.
Na época eu estava namorando.
Fui ao velório com minha mãe. Quando cheguei lá abracei Paulo, irmão de Pedro e e dona Mara... olhei ao redor e não vi Pedro.
Sai para a rua e vi ele sentado em frente ao cemitério com os primos. Fui até ele.
Quando eu abracei ele e senti seu coração batendo tive a certeza de que deveria terminar o namoro. Eu precisava dele e ele de mim...
Bem... na verdade ele não precisava tanto assim. Ele também estava namorando... uma moça linda!
Ela havia saido, mas pouco depois chegou para ocupar o seu lugar. Conversei com eles normalmente, mas não conseguia parar de pensar que de alguma forma eu ainda sentia algo por ele.
Sabe o que eu queria???? Poder abraça-lo, ficar apenas em silêncio ao seu lado... de mãos dadas... não havia o que falar... mas eu queria ser sentida na imensidão de minha dor... na imensidão do meu amor por ele... mas eu não podia.
Cheguei em casa e chorei muito. A menos de dois meses antes, eu passei o domindo na casa do seu Carlos... fizemos churrasco, rimos... fomos a praia... ele estava se sentindo mal e ia fazer alguns exames.
Dois meses depois ele não estava mais entre nos. Foi tudo muito rápido. FATAL. Essa doença maldita que leva as pessoas que a gente ama para longe... foi assim com minha avó...
Dois meses antes minha prima estava cuidando o Seu Carlos para eu mexiricar nas coisas do quarto do Pedro (eu queria roubar uma cueca, mas minha prima não deixou... disse que iam ver que foi eu... sera que iam dar falta mesmo???? era só uma... não era todas...)... e agora isso...
Tenho convicção de que existe vida após a morte, que as coisas não acabam aqui... mas mesmo assim é triste perder alguem de quem se gosta muito.
Ele era uma figura de rara beleza. Simples, tranquilo.
Confesso que logo que eu o conheci ele me assustava um pouco... era sério... ficava sentado em frente ao aparelho de som escutando música clássica... absorvido pela música...
Bem... ai ele conheceu meu pai... e caiu na vida... aprendeu tudo que não prestava (no bom sentido).
Nós sempre riamos da calma dele... fala baixa, quase imperceptivel...minha familia agitada...pilhada querendo fazer tudo para ontem e ele devagar...quase parando... levando a vida com calma... como ele mesmo dizia: "Para que a pressa!?"
Hoje, quando penso nisso percebo o quão certo ele estava... Pressa para que????
Agora fica a saudade de uma pessoa muito especial. De uma época muito especial. Um amigo querido de quem não esqueço nunca em minhas orações.